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Exposição anterior:

Nuno Viegas

DRAWER

Drawer
To draw, tradução inglesa para o acto de desenhar, acumula entre outros significados, o de puxar,
extrair alguma coisa. Drawer (desenhador e gaveta) é o actor e recipiente desse movimento. Essa
coincidência de sentidos não é meramente casual.
A presente série de desenhos, ocorre nessa polissemia, alguma coisa é extraída da memória
visual ou deslocada do imaginário da cultura popular, alguma coisa é arrebatada ao vazio da
página que se transforma num receptor e contentor de significados, numa gaveta à espera de ser
aberta para atrair e desafiar a interpretação.
Para cada imagem, o mote consistiu na improvisação, criando e perseguindo uma estimulação
gráfica, abstracta ou concreta, que o processo do desenho vai assimilando e compondo, dando
sentido às formas, levando-as ao território do nominável, do reconhecível.
Penso que esse reconhecimento da forma, para mim frequentemente como a sequência de elos
na corrente criativa, poderá ser, no lugar do espectador, a porta que convida a entrar na situação
figurativa que proponho, onde o quotidiano convive trivialmente com a ficção, permutando
contextos entre si.
Acredito que a realidade é uma construção que obedece a uma necessidade de ordem e a uma
hierarquia de sentido.
Também aqui construo e o prazer de construir já é uma satisfação, mas o sentido que procuro não
é o conforto de uma resposta, nem estabelecer um princípio ou um fim, quero que essa
construção se erga no absurdo, no lugar onde se criam as perguntas.
Nuno Viegas, Berlim, Outubro de 2014

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